domingo, 16 de janeiro de 2011

A contribuição da família na aprendizagem e sucesso escolar

Tradicionalmente a família tem estado por trás do sucesso escolar e tem sido culpada pelo fracasso escolar. O normal, ou pelo menos, o que se espera, são pais que acompanham assiduamente o aprendizado e o rendimento escolar do filho, que organizam seus horários de estudo, verificam o dever de casa diariamente, conhecem a professora e freqüentam as reuniões escolares.

Sabe-se que o sucesso escolar tem dependido, em grande parte, do apoio direto e sistemático da família que investe nos filhos, sanando tanto as dificuldades individuais quanto as deficiências escolares. Trata-se, na maioria dos casos, de família dotada de recursos econômicos e culturais, dentre os quais destacam-se o tempo livre e o nível de escolarização dos pais. A família que está por trás do sucesso escolar, salvo exceções, ou conta com uma mãe em tempo integral ou uma supermãe, no caso daquelas que trabalham muitas horas exercendo o papel de professora dos filhos em casa, ou contratando professoras particulares para as chamadas aulas de reforço escolar e até mesmo psicólogas e psicopedagogas, nos casos mais difíceis.

As escolas têm contado com a contribuição acadêmica da família de duas maneiras: (1) construindo o currículo, implicitamente com base no capital cultural similar herdado pelos alunos, isto é, com base no habitus ou sistema de disposições cognitivas adquiridas na socialização primária ou educação doméstica, o que supõe afinidade cultural entre escola e família; e (2) enviando o dever de casa de modo a capitalizar explicitamente o investimento dos pais, o que requer certas condições materiais e simbólicas, isto é, tempo livre, recursos econômicos (para equipar o lar com livros, computadores, contratar professores particulares) e adesão ao papel parental de professor-coadjuvante, tradicionalmente assumido pela mãe.

Entretanto, por ser considerado natural, expressão do amor e do dever dos pais, o apoio da família ao sucesso escolar ainda permanece mais implícito do que explícito na pesquisa e política educacional, bem como na prática escolar. Igualmente implícitas permanecem as relações de classe e, sobretudo, de gênero, que compõem os modelos de família que conduzem ao sucesso ou ao fracasso escolar.

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